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De olho na saúde

Exercícios físicos podem contribuir para evitar doenças e adquirir qualidade de vida. Já os cuidados estéticos auxiliam na autoestima, enquanto o uso do celular traz benefícios na socialização.

Para ter um envelhecimento mais saúdável, é importante buscar bem-estar e participação social. Durante a velhice, surgem algumas doenças que podem limitar a rotina do idoso, seja na parte cognitiva ou funcional. A geriatria e a gerontologia são termos que designam o estudo de todas as afecções,  normais ou patológicas, em relação ao indivíduo idoso. O médico da Unidade de CardioGeriatria do Instituto do Coração (HCFMUSP), Milton Roberto Furst Crenitte, explica sobre dois paradigmas do envelhecimento.

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 “A senescência é o processo natural e progressivo do envelhecimento, por exemplo, aqueles aspectos externos, como o surgimentos de rugas e cabelos brancos. Também temos os aspectos internos, como a diminuição da função do cérebro, diminuição de alguma capacidade no pulmão, rins e em alguns órgãos, ou seja, todos vão sofrer esse processo. E o outro paradigma é a senilidade, quando doenças oportunistas prejudicam a vida das pessoas”, diz.

Corpo e Mente

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            De acordo com o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), divulgado pelo Ministério da Saúde, 70% dos idosos brasileiros sofrem de pelo menos uma doença crônica. Outros diagnósticos mais frequentes são diabetes, hipertensão e artrite. O Alzheimer, doença neurodegenerativa, é outra preocupação, em função da perda da memória.

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            Crenitte aponta os primeiros sintomas de pessoas vítimas da doença: “A grande questão que a gente tem que ficar de olho é se essa queixa de memória está atrapalhando o dia a dia, e se a pessoa está deixando de fazer coisas que antes fazia, atrapalhando nas compras, nas contas, se perdendo. Nesse caso, temos que ficar bem preocupados”. Segundo o médico, é importante buscar meios alternativos, além do farmacológico, ou seja, orientar a pessoa a ter uma rotina fixa, horário do banho, das refeições, consultas, passeios e outros. Também existem pacientes que se tratam com o uso terapêutico de animais, a PETerapia, ou musicoterapia. Segundo estudo de 2017 desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o número de pessoas com demência triplique de 50 milhões para 152 milhões até 2050 no mundo.

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            Outro aspecto é a depressão, que atinge essa faixa etária, sem causa especifica, mas que pode envolver  fatores ambientais, psicológicos e sociais. Entre eles, o falecimento de um cônjuge, afastamento da família, perda do papel social com a aposentadoria, surgimentos de doenças, limitações físicas e outros sintomas que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro de depressão.

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            Para combater esse mal, é importante namorar com o parceiro, demonstrar carinho, afeto e fazer sexo na terceira idade. Se alguns enxergam esse tema como um tabu, as pesquisas demonstram que uma vida sexual saudável pode estimular a qualidade de vida, mais saúde e satisfação psicológica.

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Para prevenção de possíveis doenças, uma das formas mais importantes  é praticar exercícios físicos, com benefícios tanto para o bem-estar físico quanto mental. O processo de envelhecimento do corpo humano é inevitável, mas ser ativo ajuda no condicionamento físico, fisiológico e psicossocial. Com isso, há prevenção de quedas, melhoria no equilíbrio, autonomia para realizar tarefas, controle de diabetes, colesterol, menor risco de demência senil vascular, além de promover aumento da autoestima, humor, diminuindo o risco de depressão, ansiedade, insônia, controle de peso e socialização.

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 O personal trainner Caio Vinicius afirma que é possível adaptar o treinamento funcional do idoso, de acordo com suas limitações, personalidade e capacidade individual. “O treinamento funcional é muito indicado na terceira idade, porém, eu bato nessa tecla, tem que fazer um treinamento de acordo com o grau de dificuldade do idoso. Geralmente, ele traz um laudo médico, com o que eles podem ou não fazer, quais as patologias e as deficiências. É um trabalho em conjunto entre o médico e o professor de educação física. Elabora-se um treino de acordo com a capacidade física naquele momento. Nesse caso, vamos trabalhando a questão do equilíbrio, da força muscular”, explica. Por fim, é essencial reconhecer as patologias mais comuns no indivíduo idoso e praticar atividades físicas como forma de prevenção e reabilitação, pois poderá fazer diferença no ciclo de vida.  

É a vaidade

           Aquela imagem estagnada dos idosos está longe de mostrar a realidade dessa fase da vida. A boa aparência e a estética são preocupações para os idosos, sim. Ser vaidoso nesta faixa etária é essencial, bem como manter a autoestima.

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            Pintar os cabelos de tons diferentes, fazer um “make perfect”, fazer as unhas,  tratamentos estéticos, tudo isso está longe de ser futilidade.A vaidade é fundamental para a saúde, pois representa amor próprio e quem se ama se cuida também. O doutor Cenitte explica sobre o desafio do idoso quanto às questões estéticas. ”Vivemos numa sociedade que valoriza principalmente os padrões de beleza da juventude. Idosos querem esconder cabelos brancos, esconder rugas, todo mundo está nessa sociedade e parte dos idosos sofre com esse estigma. Por exemplo, às vezes temos que indicar uma bengala, um andador e o estigma do envelhecimento na vida do idoso é muito importante, muitos sofrem com isso”, relata. Outra questão está associada aos cuidados diários com a higiene, importantes para o nosso bem-estar. Nesse caso, é considerável ter cuidados de limpeza, além de criar o hábito de usar o protetor solar para evitar manchas e câncer de pele.

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Inclua, não se exclua

            Hoje, as pessoas estão cada vez mais conectadas à internet, com muito acesso à comunicação. Contudo, o idoso sente dificuldades inerentes ao domínio da tecnologia. “Eu, como geriatra, luto pela autonomia dessas pessoas. Cabe a nós incluir essas pessoas, em cursos de capacitação de aprendizagem, para que eles consigam aprender a dominar as novas tecnologias e para promover a sua inclusão digital”, diz Cenitte. Ao estar presente no espaço digital, as relações afetivas com a família e amigos são facilitadas no dia a dia.

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            Porém, apesar de ser uma ferramenta proveitosa, vale lembrar que o uso excessivo também pode acabar prejudicando. “As redes sociais podem ajudar no combate à solidão das pessoas, mas não pode ser uma coisa excessiva, não pode usar demais ou torna-se um fardo e gera o efeito oposto ao desejado”, finaliza.  

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            Envelhecer não é fácil, o corpo e a mente ficam mais lentos, o cansaço chega, mas não é o fim do mundo. Existem pessoas que encaram essa fase como um fardo e se fecham para os novos desafios, oportunidades e prazeres. Por outro lado, outros encaram com bom humor e leveza, adquirindo novas experiências e emoções. Cabe a cada um escolher o seu caminho, sabendo que cada decisão certamente vai influenciar na sua saúde e felicidade.

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